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segunda-feira, 4 de junho de 2012

O que eterniza as decisões?


É natural do ser humano o desinteresse tardio pelas iniciativas tomadas sob enganos tidos como acertos que decorrem de uma carreira pré-estabelecida dotada de ilusões acerca do que se tem como conhecido. Por fim, a vida deslancha primordialmente do desconhecido e utiliza dos anseios contidos na emoção para fixar-se como determinação por tempo humanamente desconhecido.

É certo que, partindo dos princípios adquiridos no berço é que o que tenho por certeza muda constantemente, implicando ou não na essência do que tenho por concreto e abstrato, transformando o subjetivo e objetivo e vice-versa, concluindo-se ser a vida explicitamente subjetiva. 

É o significado da vida constituido no encanto da vontade de aprender e ser. É o prazer de ser uma máquina humana em constante funcionamento, buscando e solucionando conflitos sem nunca avistar o fim. 
A vida e suas sinapses...
 Lídia Rodrigues

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como borboleta

Apenas uma lagarta. Serzinho medonho, nojento, esquisito. Assim muitos pensam. No entanto, arrastar-se, comer folhas, ser feia, ser lagarta é que a faz jovem, na flor da idade.

O tempo passa e assim como passa para todos, implica em mudanças. Algumas drásticas, outras tão pequenas quase impercebíveis ou inexistentes. Inexistentes não por não haver mudanças, mas por não haver tempo.

Para a lagarta a maior mudança consiste em tornar-se borboleta. Ponho-me como uma lagarta pensante que espera por sua mais bela forma sem considerar em primeira instância que seu fim vem cada vez mais perto.  

Vejo um espelho diante de mim. São as paredes do meu casulo que me faz refletir. Qual o tamanho da vida? Percebo que o instrumento de medida vai além de qualquer um que dê o peso em quilogramas e o tamanho em quilômetros.  A certeza diante de mim é de que a dimensão é impercebível aos meus olhos, aos olhos de uma águia.

(Agora já não sei mais se sou eu ou uma lagarta pensante prestes a se tornar borboleta.)

E eu, lagarta que tenho meu tempo pré-estabelecido primordialmente ao me refugiar no casulo sei que me tornarei borboleta, mas a mais completa metamorfose vem de saber que nova vida terei ainda que a borboleta seja continuidade da lagarta que sou, da lagarta contida na borboleta que até o fim serei.

As paredes do casulo refletem a vida que está por vir e não o meu fim. Não sou uma velha. Sou uma nova borboleta que não vai se contentar com assentar-se sobre a flor e sem esperança esperar que minhas asas sequem junto com a vida.

Não terei saudade da juventude em que me alimentava das folhas, mas ficarei feliz por todo o doce das flores que poderei experimentar.
É o novo começo!

Em que consiste sua metamorfose? O que é o seu casulo? Em que ele te faz refletir? Em que tempo está sua nova vida?

Minha metamorfose está contida na minha vontade de renascer e experimentar o doce das flores depois de conhecer o gosto das folhas.

Meu casulo é um pedaço maior em mim onde toda reflexão se torna fundamento para uma nova vida que começa sempre no agora.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Abre asas

Até o mais livre pensamento pode ficar preso na gaiola da imaginação. O ser é livre para escolher onde se aprisionar. 
    Lídia Rodrigues


O pássaro azul
                                         
– Quem quer comprar o pássaro azul?
– O pássaro azul!  repetiram os meninos.
– Quer-me vender?  Dou todos os meus brinquedos.
O moleque vendeu.
O menino rico levou a gaiola com o pássaro.  De tarde, o tio do menino foi visitá-lo, e ficou tão encantado com o pássaro que propôs:
– Em troca do pássaro azul eu lhe dou um automóvel.
O menino rico aceitou.
Mal o tio levou o pássaro para casa, chegou um amigo banqueiro:
– O pássaro azul… o pássaro da felicidade.
O banqueiro desafiou:
– Vamos disputá-lo num jogo de cartas?
O tio, que estava convencido que aquele era o pássaro azul da felicidade, aceitou.  E perdeu.
O banqueiro levou o pássaro azul para o palácio.
– Coloquem-no em uma gaiola de ouro… é o pássaro da felicidade.
Um criado, sabendo que aquele pássaro trazia a felicidade, roubou-o e deu-o de presente a sua noiva:
– È o pássaro da felicidade.
– Vou botá-lo no viveiro do jardim.
Botou.
Um moleque que estava com outros em cima do muro, reconheceu:
– Lá está o meu pássaro azul.
– È ele mesmo.
– Ainda está pintado de azul.  A cor não desapareceu.
E o pássaro vendo o lagozinho jogou-se n’água, tomou um banho… e a cor desapareceu.
Quando a moça voltou com o alpiste, ficou espantada:
– Cadê o meu pássaro azul da felicidade?

Em: Contos dos caminhos, Wilson W. Rodrigues, s/d, Estado da Guanabara [RJ]:Torre Editora.

Primeiro de janeiro

Que a força de um novo calendário empregada a um novo dia chamado de primeiro de um ano que aspira boas novas traga, de fato, a sabedoria de reconhecer que cada minuto pode ser mais que a chance para um recomeço, mas seja aceito como  o passo que proporciona andar sempre em frente, viver.
Que as mudanças aconteçam na raiz e que se estendam até as folhas e seus frutos sejam encarregados de alimentar com alimento puro e semear a mudança com a qual foi regada. 
Que as promessas deem espaço para as realizações e os votos para um novo ano pronunciados a meia noite se propaguem a cada um dos seus 365 (366) dias.
Que a força  venha sempre do que é maior.


Lídia Rodrigues