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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como borboleta

Apenas uma lagarta. Serzinho medonho, nojento, esquisito. Assim muitos pensam. No entanto, arrastar-se, comer folhas, ser feia, ser lagarta é que a faz jovem, na flor da idade.

O tempo passa e assim como passa para todos, implica em mudanças. Algumas drásticas, outras tão pequenas quase impercebíveis ou inexistentes. Inexistentes não por não haver mudanças, mas por não haver tempo.

Para a lagarta a maior mudança consiste em tornar-se borboleta. Ponho-me como uma lagarta pensante que espera por sua mais bela forma sem considerar em primeira instância que seu fim vem cada vez mais perto.  

Vejo um espelho diante de mim. São as paredes do meu casulo que me faz refletir. Qual o tamanho da vida? Percebo que o instrumento de medida vai além de qualquer um que dê o peso em quilogramas e o tamanho em quilômetros.  A certeza diante de mim é de que a dimensão é impercebível aos meus olhos, aos olhos de uma águia.

(Agora já não sei mais se sou eu ou uma lagarta pensante prestes a se tornar borboleta.)

E eu, lagarta que tenho meu tempo pré-estabelecido primordialmente ao me refugiar no casulo sei que me tornarei borboleta, mas a mais completa metamorfose vem de saber que nova vida terei ainda que a borboleta seja continuidade da lagarta que sou, da lagarta contida na borboleta que até o fim serei.

As paredes do casulo refletem a vida que está por vir e não o meu fim. Não sou uma velha. Sou uma nova borboleta que não vai se contentar com assentar-se sobre a flor e sem esperança esperar que minhas asas sequem junto com a vida.

Não terei saudade da juventude em que me alimentava das folhas, mas ficarei feliz por todo o doce das flores que poderei experimentar.
É o novo começo!

Em que consiste sua metamorfose? O que é o seu casulo? Em que ele te faz refletir? Em que tempo está sua nova vida?

Minha metamorfose está contida na minha vontade de renascer e experimentar o doce das flores depois de conhecer o gosto das folhas.

Meu casulo é um pedaço maior em mim onde toda reflexão se torna fundamento para uma nova vida que começa sempre no agora.

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